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Transtorno do Espectro Autista/autismo (TEA)

"Ele não faz nada certo, parece que não é desse mundo!"
Se você tem autismo ou conhece alguém, com certeza já ouviu falar algo do tipo, conheça sobre um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais difíceis de se diagnosticar.

O que é o autismo?

O autismo, mais precisamente chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a maneira como uma pessoa se comunica, interage socialmente e percebe o mundo ao seu redor. Ele é chamado de "espectro" porque engloba uma ampla variedade de características, habilidades e níveis de suporte necessários, variando de leve a grave.

Quais são as caracteristicas do autismo?

Os sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) variam amplamente, pois o autismo é um espectro que engloba diferentes níveis de gravidade e características. No entanto, os sintomas geralmente se enquadram em duas categorias principais: dificuldades na comunicação e interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Abaixo estão os sintomas mais comuns:

1.Dificuldades na comunicação e interação social

Dificuldade em iniciar ou manter conversas: Pode haver pouco interesse em interagir com outras pessoas ou dificuldade em entender as regras sociais de uma conversa.

Dificuldade em expressar emoções ou compreender as emoções dos outros: Pode ser desafiador interpretar expressões faciais, gestos ou tons de voz.

Atraso ou ausência de fala: Algumas crianças podem não desenvolver a fala ou ter um atraso significativo. Outras podem repetir palavras ou frases (ecolalia).

Dificuldade em fazer ou manter amizades: Pode haver pouco interesse em brincar com outras crianças ou dificuldade em entender as nuances das interações sociais.

Uso limitado de gestos ou linguagem corporal: Pouco contato visual, expressões faciais limitadas ou dificuldade em usar gestos para se comunicar.

2.Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades

Movimentos repetitivos: Comportamentos como balançar as mãos, balançar o corpo, girar ou bater os pés.

Adesão a rotinas rígidas: Dificuldade em lidar com mudanças na rotina ou no ambiente, podendo causar ansiedade ou frustração.

Interesses intensos e restritos: Foco excessivo em tópicos específicos, como números, letras, trens ou dinossauros, muitas vezes em detrimento de outros interesses.

Sensibilidade sensorial: Reações incomuns a estímulos sensoriais, como:

Hipersensibilidade: Sensibilidade excessiva a sons, luzes, texturas, cheiros ou sabores (por exemplo, cobrir os ouvidos em ambientes barulhentos).

Hipossensibilidade: Pouca sensibilidade a estímulos, como não reagir a dor ou a temperaturas extremas.

Fascinação por objetos ou partes de objetos: Pode haver um interesse intenso em partes específicas de brinquedos (como rodas de carrinhos) ou em objetos incomuns.

Outras características comuns

Dificuldades na imaginação: Brincadeiras de faz de conta ou jogos simbólicos podem ser limitados ou ausentes.

Dificuldades motoras: Algumas crianças podem apresentar atrasos no desenvolvimento motor, como dificuldade para andar, correr ou segurar objetos.

Dificuldades de sono ou alimentação: Problemas para dormir ou seletividade alimentar (comer apenas certos tipos de alimentos).

O que causa o autismo?

As causas exatas do autismo ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que seja o resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Aqui estão alguns pontos importantes:

Fatores Genéticos:

Muitos estudos indicam que há uma forte componente genética no autismo. Vários genes foram identificados como possivelmente envolvidos no desenvolvimento do transtorno.

Em alguns casos, o autismo está associado a síndromes genéticas específicas, como a Síndrome de Rett ou a Síndrome do X Frágil.

Fatores Ambientais:

Certos fatores ambientais durante a gravidez, como infecções virais, exposição a toxinas ou complicações durante o parto, podem aumentar o risco de autismo.

A idade avançada dos pais, tanto do pai quanto da mãe, também tem sido associada a um maior risco de autismo.

Interação Gene-Ambiente:

Acredita-se que a interação entre predisposição genética e fatores ambientais possa desempenhar um papel crucial no desenvolvimento do autismo.

Outros Fatores:

Algumas pesquisas sugerem que alterações no desenvolvimento cerebral durante os primeiros estágios da vida fetal podem contribuir para o autismo.

No entanto, é importante notar que vacinas, como a vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola (MMR), não causam autismo. Essa crença foi amplamente descreditada por numerosos estudos científicos.

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, interação social e comportamento. A diversidade de sintomas e graus de severidade sugere que não há uma única causa, mas sim uma complexa interação de fatores. Pesquisas continuam a ser realizadas para melhor entender as causas e desenvolver intervenções eficazes.

Qual o tratamento do Autismo?

O tratamento do autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é individualizado e multidisciplinar, pois o autismo se manifesta de maneiras diferentes em cada pessoa. O objetivo principal é melhorar a qualidade de vida, promover a independência e desenvolver habilidades sociais, comunicativas e comportamentais. Abaixo estão as principais abordagens e intervenções utilizadas:

1. Intervenções Comportamentais e Educacionais
ABA (Análise do Comportamento Aplicada):
Uma das abordagens mais comuns, que usa técnicas para reforçar comportamentos positivos e reduzir comportamentos inadequados.

TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados à Comunicação): Foca na estruturação do ambiente e no uso de recursos visuais para facilitar a aprendizagem.
Intervenções Baseadas em Desenvolvimento: Como o DIR/Floortime, que promove a interação social e emocional através de brincadeiras e atividades lúdicas.

2. Terapias de Comunicação
Fonoaudiologia:
Ajuda a desenvolver habilidades de linguagem e comunicação, tanto verbal quanto não verbal (como o uso de gestos ou sistemas de comunicação alternativa).

Sistemas de Comunicação Alternativa: Uso de pictogramas, tablets com aplicativos específicos ou linguagem de sinais para facilitar a comunicação.

3. Terapias Ocupacionais
Focam no desenvolvimento de habilidades motoras, sensoriais e de vida diária, como vestir-se, comer e cuidar de si mesmo.

Também ajudam a lidar com questões sensoriais, como hipersensibilidade a sons, texturas ou luzes.

4. Intervenções Sensoriais
Integração Sensorial:
Técnicas para ajudar a pessoa a processar melhor estímulos sensoriais, como sons, toques ou movimentos.

Ambientes Adaptados: Criação de espaços que minimizem estímulos sensoriais aversivos.

5. Apoio Psicológico
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
Pode ser útil para ajudar a lidar com ansiedade, frustração ou comportamentos repetitivos.

Apoio para a Família: Orientação e suporte psicológico para familiares e cuidadores.

6. Medicamentos
Não há medicamentos específicos para curar o autismo, mas alguns podem ser usados para tratar sintomas associados, como:

Agitação ou agressividade: Antipsicóticos (ex.: risperidona).

Transtornos de ansiedade ou depressão: Antidepressivos ou ansiolíticos.

Dificuldades de atenção: Estimulantes (ex.: metilfenidato).

O uso de medicamentos deve ser sempre acompanhado por um psiquiatra ou neurologista.

7. Intervenções Educacionais
Inclusão Escolar:
Adaptação do ambiente escolar para atender às necessidades da criança com autismo.

Plano de Educação Individualizado (PEI): Estratégias personalizadas para o desenvolvimento acadêmico e social.

8. Apoio Social e Comunitário
Grupos de apoio para familiares e pessoas com autismo.

Programas de inclusão social e profissional para adolescentes e adultos.

9. Novas Abordagens e Pesquisas
Tecnologias Assistivas: O uso de aplicativos, robótica e realidade virtual para auxiliar no desenvolvimento de habilidades.

Dietas e Suplementos: Algumas famílias exploram dietas específicas (como a dieta sem glúten ou caseína) ou suplementos, mas é importante consultar um médico antes de iniciar qualquer mudança alimentar.

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